História das vitaminas

História da ciência
Biologia
Vitaminas
Autor

Márcio Guimarães

Data de Publicação

2025-01-07

Modificado

2025-01-07

Disclaimer

Disponibilizei esse material por julgá-lo interessante para uso de professsores de ciências e seus alunos. Trata-se de uma brochura intitulada História das Vitaminas Carvalho Jr () e publicada em 1966 pelo médico Eugênio Carvalho Jr (1914-1995). Os textos que seguem pertencem ao referido autor.

Capa do livro História das Vitaminas

Prefácio

Neste pequeno livro destinado, principalmente, às crianças que já saibam ler, proclama-se a importância das vitaminas exaltando-se as virtudes maravilhosas de que são possuidoras.

Desconhecidas durante séculos, foram, mais tarde, tidas como um princípio comum que emprestava aos alimentos propriedades nutritivas.

A sua longa e interessante história muito contribuiu para engrandecer e enriquecer os conhecimentos médicos.

Inúmeras moléstias, durante centenas de anos, dizimaram a humanidade, arrastando-se até o início deste século, quando se observou que os animais alimentados apenas com hidratos de carbono eram acometidos de perturbações visuais (xeroftalmia).

Estava assim, pela primeira vez, descoberta a vitamina que passou a ser chamada de “vitamina A”. Desde aí, até esta data, mais de uma dezena delas foram identificadas, recebendo, ordenadamente, as letras do alfabeto.

Por toda a idade moderna e grande parte da contemporânea, até o início da grande guerra de 1914, o raquitismo, o beribéri, o escorbuto, a pelagra, a xeroftalmia - as avitaminoses como as chamamos hoje - eram enfermidades já conhecidas: apenas não se sabia qual o elemento desencadeante.

Camões, referindo-se à viagem tormentosa de Vasco da Gama às índias, no ano de 1497, menciona o escorbuto e o beribéri.

Euclides da Cunha, no seu notável estudo Os Sertões, cita o caso de uma moléstia denominada “extravagante” (hemeralopia) que atacou os jagunços na Guerra dos Canudos, em 1902, nos sertões da Bahia.

Sucederam-se, assim, muitos e muitos episódios que, somados aos ensaios e experiências, revolucionaram o campo médico, acabando por demonstrar que certas doenças não eram infecções ou intoxicações, mas, apenas, ausência de vitaminas.

Descobriu-se, destarte, as vitaminas na alimentação humana. Cabe a primazia a Casimiro Funk, que, em investigações sobre a etiologia do beribéri, observou que no farelo do arroz havia uma substância que, quando aplicada aos enfermos com beribéri, curava-os rapidamente.

Sabe-se, a partir daí, serem as vitaminas substâncias essenciais à saúde, necessárias ao crescimento normal e imprescindíveis à manutenção da vida. São substâncias que, no organismo, facilitam a conservação e a reprodução celulares, garantindo, ao mesmo tempo, a função normal dos órgãos. Embora sempre apareçam em pequenas quantidades, desempenham, ainda, papel protetor, regulador, fixador e catalizador.

Aprende-se, neste livrinho, em versos agradáveis e harmoniosos, não só o grande valor das vitaminas, como também ali são destacados os alimentos mais ricos das mesmas e que, por conseguinte, protegem melhor a nossa saúde.

É, sem dúvida, uma brilhante contribuição pela maneira simples e agradável, na forma e na apresentação, e seus úteis ensinamentos servirão para fortificar e consolidar novos conhecimentos, além de corrigir erros e falhas alimentares perpetuadas por falta de melhores esclarecimentos.

É para nós um prazer e uma honra prefaciar esta coletânea, presenciando, uma vez mais, o talentoso espírito do jovem médico que, novamente, encanta com seus trabalhos.

Claro, preciso e verdadeiro nas suas afirmações, enriquecidas de ciência, tem o Dr. Eugenio Carvalho Jr a virtude de saber conquistar a simpatia e a admiração de todos.

É o educador que sabe selecionar as noções proveitosas, úteis, e apropriadas, para conjurar as dificuldades tão frequentes na vida cotidiana.

Confiamos no sucesso e aceitação deste livro, que, por sua simplicidade, está ao alcance de escolares e adolescentes, mas que, por sua penetração e singeleza, traz, a todos nós, a certeza de como assegurar o vigor e o bem-estar do nosso povo.

Rio de Janeiro, 31 de março de 1966

Antonio Mendes Monteiro

Presidente da C. N .A.

As vitaminas em versos

Meninos vou lhes contar
uma história diferente,
Que serve para divertir,
Mas também ensina a gente.

Por certo já lhes falaram
Nas famosas vitaminas,
Que dão saúde e vigor
A meninos e meninas

São muitas e se conhecem
Pelas letras do alfabeto,
Dão pra fazer uma pilha
Quase da altura do teto!

Cada uma tem o seu nome
E todas são importantes,
O que podemos mostrar,
Dentro de poucos instantes.

Mas não pensem, meus amigos,
Que elas são medicamentos;
São produtos naturais
Que existem nos alimentos.

Mas os homens, que são tolos,
Desconhecendo a verdade,
Procuram sempre encontrá-las
Nas farmácias da cidade!

Pra que vocês não repitam
Um erro assim tão vulgar,
É que nós nos decidimos
A esta história lhes contar.

Vamos então começar
Pela vitamina A,
Dizendo para que serve
E também onde ela está!

Uns ratinhos bonitinhos,
Vão servir pra experiência,
Pois são colaboradores
Do progresso da ciência.

Vocês sabiam por que
O rato nós escolhemos?
Ê porque eles também comem
Tudo quanto nós comemos.

E têm a vida tão curta
(Guardem bem estas noções)
Que podem ser estudados
Em diversas gerações.

Faltando esta vitamina,
Eles param de crescer;
Têm outras perturbações
Que tentarei descrever.

Os seus olhos ficam secos,
Começam logo a arder,
Virarão uma ferida
Se ninguém os socorrer!

Mas, se as ratinhas se casam,
Isto é triste de dizer,
Embora tenham vontade,
Filhinhos não podem ter!

Também a nós acontece
Cousa muito parecida,
Se falta esta vitamina,
Todo dia, na comida.

Nossa pele fica seca,
Com cravos a aparecer,
Tal qual como nos ratinhos,
Nossos olhos vão sofrer.

Se vamos a um cinema,
Isto é fato bem seguro,
Custaremos a encontrar
Um lugarzinho no escuro!

Quase que não vemos nada,
Quando vai morrendo o dia,
Nesta doença de carência,
Chamada Hemeralopia.

O nome é bem complicado,
Vem do grego, certamente,
Mas é melhor conhecê-lo
E evitar ficar doente.

Procurando todo dia,
Em nossa alimentação,
Escolher os alimentos
Que nos tragam proteção.

As vitaminas se medem
Em peso, ou em unidades,
E são produtos que agem
Em pequenas quantidades.

Um óleo que é muito rico
E de gosto não é mau,
É o óleo feito do fígado
De um peixe: o bacalhau.

O mais rico em Unidades,
Pois tem mais de três milhões,
É o óleo que retiramos
Do fígado dos cações.

Os vegetais e as frutas
De cor verde ou amarela,
Contêm vitamina A,
Pois todos são ricos nela!

Você não vê muita gente
(E não preciso de provas)
Quando vai comer alface
Escolher as folhas novas?

Podem ser mais saborosas,
De consistência mais fina,
Mas as folhas bem escuras
Têm muito mais vitamina!

Não deixem, pois, de comer,
Todo dia, com certeza,
Verduras, como salada,
E frutas, na sobremesa.

Nós precisamos, por dia,
De cinco mil unidades,
Mas variando um pouquinho
De acordo com as idades.

Precisam um pouco mais,
Os jovens em crescimento,
A mamãe que nos espera
Ou nos dá aleitamento!

Dizer vitamina B
É uma força de expressão,
Pois elas hoje são tantas
Que formam constelação.

Começando na B1
À B15 já chegaram.
O certo é que virão outras,
Pois as pesquisas não param.

Falaremos da B1
Delas a mais importante,
Que hoje está tão popular,
Tal qual, outrora, o purgante.

Não só se chama B1
Esta nossa vitamina,
Pois também é conhecida
Com nome de Tiamina.

Os abusos são demais,
Pensam que serve pra tudo.
Para que vocês aprendam,
Não poderei ficar mudo.

Vou procurar ensinar
O que existe de verdade;
Vocês podem crer em mim,
Falo com sinceridade.

Se deixarmos um pombinho,
Arroz polido comendo,
Em menos de vinte dias
O pobre estará sofrendo.

Ficará todo tortinho,
Com a cabeça para trás,
Não poderá mais andar,
Nem tampouco voar mais.

Os seus nervos ficam fracos,
Podem até se alterar,
E deixam como sinal
A contração muscular.

Mas se a gente, neste instante,
A vitamina injetar,
Os pombos, em pouco tempo,
Começarão a voar!

Os nossos nervos também
Poderão muito sofrer,
E então, como consequência,
Iremos adoecer.

O que sentimos é vago:
Um cansaço sem cessar,
Uma falta de apetite,
Dores em todo lugar!

Precisamos, todo dia,
Uma dose pequenina:
Um e meio miligramas,
Apenas, da vitamina.

Mas se a carência for grande,
Nós teremos que aumentar,
Mas, nunca as doses crescentes
Que nos querem injetar!

Se tomarmos doses grandes,
Excesso de vitamina,
Poremos dinheiro fora,
Pois sairão pela urina!

Cem, duzentos miligramas,
É cousa que não se usa;
Porque não nos fazem mal,
Inutilmente, se abusa.

A fonte mais importante,
É pena que assim o seja,
Pois quase não o usamos:
— É o lêvedo de cerveja.

O fígado também é
Uma fonte formidável,
Pois, além de nutritivo,
Tem um sabor agradável.

Nós devemos preferir
alimento natural,
Usando, de preferência,
O cereal integral.

Na cutícula do arroz
Há vitaminas demais,
Mas, se o arroz for polido,
Perderemos ela e os sais.

A carne de porco é rica,
Gostosa, ninguém se engana;
Deveríamos comê-la,
Sem falta, toda a semana.

Também devemos trocar
O café com pão, da ceia,
Por um bom copo de leite,
Engrossado com aveia.

Assim, meus bons amiguinhos,
Teremos força e vigor,
Para enfrentar os estudos,
Confiantes, sem temor.

Porque o cérebro da gente,
Não pensem que isto é história,
Quando estamos desnutridos,
Tem muito pouca memória!

A Vitamina B2,
Assim como a Tiamina,
Também tem um outro nome,
Que é de Riboflavina.

Riboflavina traduz
Uma palavra formada
Por flavina, que, em latim,
Quer dizer amarelada.

É vitamina importante
Pois, se não a recebemos,
Dentro de bem pouco tempo,
Só por isto, não crescemos.

Vão arder os nossos olhos,
Sem poder fitar a luz;
Nossa língua, bem vermelha,
Sua carência traduz.

Ficam os lábios feridos,
Racha-se o canto da boca,
Toda vez que ela nos falta,
Ou há, mas é muito pouca.

Menos de dois miligramas
É de quanto precisamos,
E podem ser encontrados,
Se alguns cuidados tomamos.

Pois se você comer queijo,
Ou leite, um copo tomar,
Pode dormir descansado,
Ela nunca há de faltar!

O fígado é boa fonte,
O lêvedo é rico, assim!
E para aqueles que gostam
Não posso esquecer o rim.

Não pense que foi engano
A letra sair dobrada,
Pois é mesmo deste jeito
Que a vitamina é chamada.

Pelagra — vem da Itália,
Da língua imortal de Dante,
E quer dizer pele áspera
Que é o sintoma dominante.

Aparece em qualquer um,
Quer no plebeu ou no nobre;
Por passar dificuldades,
É bem mais comum no pobre.

É o Ácido Nicotínico,
Ou Vitamina PP,
O principal responsável
Por tudo que a gente vê.

Toda parte exposta ao sol
Fica logo avermelhada;
O dorso da mão, por isto,
É parte muito afetada.

Sintoma bem importante
E eu quero que me acredite,
É a inflamação da pele
Que se chama — Dermatite.

Inflamando os intestinos,
Todo o corpo se consome,
Surgindo um outro sintoma:
Diarreia é o seu nome.

Se as condições continuam
E se agrava esta carência,
Teremos como final
Um estado de Demência.

Mas se olhar, com atenção,
Os estragos que ela fez,
Verá porque a chamamos
De doença dos três Dês.

E se o doente morrer,
Me desculpem, mas eu junto,
Mais um D, por minha conta,
Pois ele virou Defunto.

Eu bem sei que você acha
Este método antipático,
Mas o mal sempre se cura
Com injeção de extrato hepático.

Mas se você, meu amigo,
Da injeção quer se livrar,
Preste então muita atenção
Ao conselho que vou dar:

Coma queijo, tome leite,
Use sempre carne magra,
E você estará livre,
Eu garanto, da Pelagra.

B3, B4, B5,
B7 e umas outras mais,
Não interessam aos homens,
Apenas aos animais.

A Vitamina B6,
Também Piridoxina,
Tem importância nos cães,
Restaurando a hemoglobina.

Hemoglobina é o corante
Que torna o sangue encarnado,
E que faz você ficar
Com seu rostinho corado.

Mas se no rato ela falta,
Ele fica bem feinho
Pois cai-lhe o pelo dos olhos,
Da boca e de seu focinho.

Do Ácido Pantotênico,
Faltando-me o engenho e a arte,
Apenas posso dizer
Que se encontra em toda a parte.

Suas ações variadas
Eu não posso lhe dizer,
Porque são muito difíceis
Para você compreender.

B12, e Ácido Fólico
São precisos todo dia,
Para que você não tenha
Uma espécie de anemia.

Uma doença bem grave
E de cura duvidosa,
Anemia de um tipo
Chamado: Perniciosa.

Se você quiser crescer,
Não a esqueça um só momento,
Pois Vitamina B12
É um fator de crescimento.

Todas estas vitaminas
Que existem neste complexo,
São sempre encontradas juntas,
Unidas por um amplexo.

No leite, queijo, nas carnes,
No fígado e levedura,
Nos cereais integrais,
São presentes, com fartura.

Usando estes alimentos,
Garantirei a você
Que nunca mais ficará
Carente em tudo o que é B.

Vitamina popular,
Conhecida como quê!
Uns chamam de Ácido Ascórbico,
Outros, Vitamina C.

Esta não é novidade
Pra você, posso afirmar;
Mas conhecê-la melhor,
Não ocupa mais lugar!

Já no século passado,
Havia observações
De doença que atacava,
Em cheio, as tripulações.

Dos navios que partiam
Pra descobrir outras terras,
Ou naqueles que viviam
Sempre empenhados em guerras.

Camões, o grande poeta
No Lusíadas famoso,
Descreveu esta doença,
Num quadro bem horroroso.

Chamava de crua e feia
A doença que, dizia,
Deixava a boca fedendo,
Da carne que apodrecia!

Por que isto acontecia,
Ou qual seria a razão?
Ninguém podia supor
Que fosse a alimentação.

Mas foi descoberto que
(oh! grande observação)
Legumes e frutas frescas
Davam sempre proteção.

Qual seria o responsável
Por um mal assim tão bruto
Que recebeu, logo após,
O nome de Escorbuto?

As pesquisas começaram
E descobriu-se o porquê:
Faltava nos tripulantes
Uma vitamina — a C.

Muito afastados da terra,
Longos dias sobre o mar,
Alimentos perecíveis
Não podiam conservar.

Você sabe o que acontece
À cobaia pequenina
Que fica, por muito tempo,
Sem receber vitamina?

Suas pernas ficam fracas,
Já não pode mais correr,
Se deita sobre as patinhas
Que não param de doer!

Lá dentro, nos seus ossinhos,
Há sempre uma hemorragia,
Que você poderá ver
Tirando radiografia.

Também nós iremos ter,
E disto tenho a certeza,
Se não tomarmos cuidado,
Males desta natureza.

Se batemos com os braços,
No mais das vezes, as coxas,
No lugar que machucamos
Aparecem manchas roxas.

Hemorragias se formam
Em quase todos os casos;
O sangue, por qualquer cousa,
Quer saltar fora dos vasos!

Mas na boca, meus amigos,
É que se nota a doença,
Pois comparada à normal,
Há uma grande diferença.

As gengivas doloridas
Começam logo a inchar,
E, com qualquer pancadinha,
Costumam sempre sangrar.

Perdem muito a resistência,
Acabam por se ferir,
E os dentes, em consequência,
Podem, às vezes, cair!

Se, escovando seus dentinhos,
Sua gengiva sangrar,
Se sentir dores nos ossos,
Procure se acautelar.

Este conselho é verdade
Mais antigo que o Evangelho:
— Ninguém perde em ter cautela,
Seguro morreu de velho!

Precisa setenta e cinco
Miligramas todo dia,
Uma pessoa normal
Que queira viver sadia!

Mas você perguntará:
Onde eu irei encontrar
Tanta vitamina ’C?
— Não consigo imaginar!

Eu lhe direi, mas você
Este compromisso assume:
De seguir os bons conselhos
Que esta historinha resume.

Vou lhe apresentar primeiro
O maior — o campeão,
Alimento ou condimento
Que se chama pimentão.

Não o verde, nem vermelho,
(Para a verdade eu apelo)
O que tem mais de trezentos
Miligramas: o amarelo!

De duzentos e oitenta
Miligramas é a taxa
Que em cem gramas de caju
Constantemente se acha.

O vermelho é bem mais rico
(Não sei se é porque se pinte),
Pois o caju amarelo
Só tem duzentos e vinte!

Mas na goiaba, porém,
O inverso se revela,
Já que a goiaba vermelha
Tem menos do que a amarela.

O espinafre tão famoso,
Que no Popeye não falha,
Tem, no entanto, muito menos
Que o caruru e a bertalha.

Sem falso nacionalismo
(Sou assim por natureza),
Mas nossa batata doce
É mais rica do que a inglesa.

A laranja é muito rica,
O limão é muito prosa,
Mas têm tanta vitamina
Quanto a boa manga rosa.

Na banana, no mamão,
Nos vegetais, em geral,
Abunda esta vitamina
Pobre no reino animal!

Você já ouviu falar
Algum dia em raquitismo?
Talvez não saiba porque
Ataca o nosso organismo.

Mas já viu muitas crianças
Desnutridas, bem magrinhas,
Que têm o punho bem grosso,
Ou bem tortas as perninhas.

Os ossinhos da cabeça
Custando muito a soldar,
E ’o peito das criancinhas
À toa se deformar.

Quase que não têm vontade
De brincar, de passear,
Enquanto você, que é forte,
Não se cansa de pular!

Qual será esta doença
Que seu corpinho consome?
Aprendam, meus amiguinhos;
Raquitismo é o seu nome.

Aparece nas crianças
E nós sabemos, porquê.
Porque lhes falta no corpo
Uma vitamina: a D.

São crianças que não tomam
Seu leitinho todo dia,
Ou então que são criadas
Sem receber luz do dia.

Que ficam presas em casa,
Num pequeno apartamento,
E que por dificuldades
Recebem pouco alimento.

Pois nós sabemos, demais,
Que os ossos fortes só tem
Quem recebe muito fósforo
E muito cálcio também.

Veja que nome difícil:
De-hidro-colesterol!
Mas ele dá vitamina
Pela ação da luz do sol!

Sintetizada na pele
Pelos ultravioleta
Que são os raios do sol
Que tornam a pele preta!

Preta, é força de expressão,
Quero dizer, bronzeada;
Mas a cor pouco interessa,
Pois não é vitaminada.

A sua fonte mais rica
Nos peixes é encontrada;
Extraída de seus fígados
Em solução concentrada.

Os óleos de vários peixes,
Do bacalhau ao cação,
Possuem as vitaminas
A e D em profusão.

Os alimentos melhores
São o leite e são os ovos,
Que mesmo assim são bem pobres,
Comparando aos óleos novos.

Porque se o óleo envelhece,
Quer dizer, fica rançoso,
Seu teor de vitaminas
Tem um valor duvidoso.

As criancinhas precisam
Quatrocentas unidades;
Os adultos em geral
Não têm mais necessidades.

Se você quiser ser forte
E fugir ao raquitismo,
Não deixe nunca que falte
O cálcio em seu organismo.

Mas não pense que é melhor
O cálcio em medicamentos;
Nenhum deles se compara
Ao que há nos alimentos.

Tome leite, coma queijo,
Todo dia, sem faltar,
E terá muita saúde
Para esta vida enfrentar!

Mas sempre, pela manhã,
Dê um passeio na praça,
Pois os ultravioleta
Não passam pela vidraça!

Divida bem o seu tempo,
Da manhã ao arrebol,
Procure vida ao ar livre,
Seu grande amigo é o sol!

Eu só posso lhe dizer
Que é do grupo do fenol.
Pela ação que desempenha
Chamou-se Tocoferol.

Palavra que vem do grego
(Não sei como me descarto)
E que traduz sua ação:
Fenol que conduz o parto.

Este assunto que interessa
Muito mais a seus papais,
Eu deixarei pra contar
Quando você crescer mais.

Vem de língua onde com K
Se escreve coagulação
Quando ela faltar, os pintos
Vão sangrar em profusão!

Pois toma parte na síntese
Que no fígado se faz,
Transformando-a em protrombina
Que não deixa sangrar mais.

Eu não sei se você sabe:
Protrombina é um fermento
Que faz com que o nosso sangue
Coagule num momento!

Os seus germes do intestino
São capazes de formar
Toda a vitamina K
De que você precisar.

Mas se a bile, no intestino,
Constantemente faltar,
Você vai ficar carente,
Sem podê-la aproveitar.

As melhores fontes são:
Vegetais verdes folhosos,
O repolho e a couve-flor,
Todos muito saborosos.

Com estas quadras término
Esta história singular;
Se não deu pra divertir,
Sempre serviu pra ensinar!

Referências

CARVALHO JR, E. História das vitaminas. [S. l.]: Departamento de impresa Nacional, 1966.

Reuso